Já a algum tempo que estou a olhar em frente ao computador, sem saber bem por onde começar. Talvez por um "a minha vida está um desastre", ou "sinto-me desesperada" bastasse, mas não, prefiro dizer que estou a ultrapassar uma fase dificil da minha vida, e se anteriormente já era uma má fase, esta (que começou ontem) ainda é pior.
Situando-me, não há muito mais de um mês terminei uma relação, que por si não foi nada fácil, com uma pessoa da qual pensava que gostava, ou pelo menos pensava que tinha gostado (e eu devo salientar esta ultima parte que é muito importante) e como se esta separação não fosse dolorosa, há algo mais que me aperta o coração. "Ano novo, vida nova" esse era o meu lema, a minha coragem finalmente conseguiu superar todos os meus medos e todos os meus receios. Era uma pessoa nova, com novos sonhos, novos objectivos, novos desafios, no entanto um sentimento assaltou de súbito o meu coração. O que eu até a data considerava um bom amigo, começou-se a revelar mais do que isso... Havia uma pessoa muito próxima de mim que eu passei a admirar com uma intensidade incrivel. Era muito fácil apaixonar-me por ele. Até poderia enumerar aqui todas as suas virtudes, mas não o vou fazer por uma questão de respeito a mim própria, deixo isso para as minhas recordações mais intimas. Desde o inicio do ano que tenho passado muito tempo com essa pessoa, e de uma forma ou de outra começei a questionar-me a acerca de umas alterações que tinha notado em mim. Sentia a sua falta, sofria com a sua ausência, fazia de tudo só para o ver, e quando finalmente estava ao seu lado a sua presença acalmava-me, mas ao mesmo tempo mexia comigo. Não conseguia comportar-me normalmente, quando estava ao seu lado não sabia o que lhe dizer, passava dias inteiros a pensar nele, não me cansava de admirar as suas fotografias, os seus textos... Alias, tudo o que ele fazia para mim tinha importância. Os sinais estavam lá, por mais que o negasse, estava-me a envolver emocionalmente na imagem que tinha dele. Como já disse, era muito fácil apaixonar-me por ele, bastava prestar-lhe um pouco mais atenção e as coisas aconteciam muito naturalmente. Talvez o pudesse caracterizar como um amor platónico, ninguem sabia, era uma coisa só minha, que me fazia feliz e que me dava força. Começei a deixar-me levar pelos pensamentos sem perceber muito bem o que estava a acontecer. Neste momento estava a passar por um misto de emoções. Tinha o coração dividido em dois, não em duas pessoas, mas em dois sentimentos. De um lado tinha uma enorme tristeza e mágoa comigo própria porque sabia que estava a fazer sofrer uma pessoa de quem eu gostava, senti-me mal, sentia-me culpada por tudo o que estava a acontecer naquele momento. Sabia que já nao gostava dele, e que tinha que seguir com a minha vida para a frente, mas ao mesmo tempo tinha medo que ele fizesse alguma loucura por mim, e isto deixava-me de pé atras. Por outro lado começou a nascer em mim uma nova esperança. Um novo sentimento, muito frágil é certo, mas era o suficiente para me fazer sentir bem. Embora fosse tudo coisas da minha cabeça foi esse sentimento que me ajudou a enterrar um passado bastante doloroso. Começei a tomar consciência do que se estava a passar dentro de mim. Aos poucos via o sentimento a aumentar, foi tudo muito rápido e muito confuso, não deu tempo para procurar respostas ou encontar soluções. O meu rosto começou a transparecer aquilo que o meu coração sentia. Começava a ser dificil controlar-me, alguns dos meus amigos mais próximos começavam a notar, eu negava embora nunca soubessem muito bem aquilo que se estava a passar comigo. Durante algum tempo consegui despistar algumas atenções, só duas amigas minhas é que sabiam o que se passava, uma disse-lhe, mais cedo ou mais tarde acabava por descobrir, a outra descobriu por ela própria. Nunca tive muito jeito para mentir, e quando o fazia era obvio que toda agente sabia que o estava a fazer. Elas sempre me apoiaram nesta ideia absurda. Sim, era uma ideia absurda porque nao tinha qualquer cabimento lógico. Tudo isto que acabei de referir seria a parte boa da história, mas como tudo nba vida, tem um lado menos bom. Ele fazia parte do meu grupo de amigos, passavamos muito tempo juntos e como eu ja referi começava a ser muito complicado conseguir controlar este sentimento, aos poucos sentia que deixava escapar qualquer coisa de mim, já nao me sentia bem ao pé dele, sabia que era uma loucura impossivel, a sua presença intimidava-me e eu já não conseguia ser aquela que sempre fui, talvez por isso sentisse a necessidade de uma resposta, e essa resposta só ele me a podia dar. Queria acabar com este sentimento antes que fosse tarde demais. Atingi o meu auge de desespero um dia antes de conseguir falar com ele. Passei esse dia cabisbaixa, foi um dia muito mau. Sabia que o momento estava próximo, não dava para adiar mais. Aproximava-se um grande dia... o que não tardou em chegar. Era um dia importante para ele, e para mim tambem. Não queria de modo algum causar-lhe seja o que fosse de negativo, era o dia dele. Em paralelo tive uma conversa com uma amiga minha que me fez ganhar a coragem, que eu própria nao sabia que tinha. Foi talvez a minha atitude mais corajosa. Não pude esperar mais. Ou era naquele momento ou então não era! Com o máximo de cuidado sem que ninguem percebesse o que se estava a passar comigo, chamei-o. Sabia que ele viria, era um bom amigo. Pedi-lhe para ir comigo para um sitio que me acalmasse. Já estava nervosa o suficiente. Afastamo-nos um pouco do local onde nos encontravamos e foi ai que a conversa teve inicio. Nem sei bem o que estava a sentir naquele momento. Muito antes de lhe ter dito uma única palavra as lágrimas corriam-me pelo rosto de uma forma descontrolada. Tentei manter a calma, mas não era fácil, sentia o meu estômago às voltas. Ele consegui-me meter super a vontade, foi quando eu falei. Embora não lhe tivesse dito tudo o que sentia, acho que a conversa que tive com ele foi o suficiente para que ele entendesse o que se estava a passar. Não foi preciso muito, ele sabia perfeitamente aquilo que eu lhe iria dizer, e ainda bem. O facto de ele ja ter percebido antes ajudou-me muito. Eu só queria que ele me tirasse aquilo da cabeça, era a única pessoa capaz de o fazer, não estava a espera que ele dissesse que sentia o mesmo por mim, nao! Queria paz, e so a conseguia depois de ele me ter dito que naquele momento precisava de estar só. Era o que queria ouvir. Depois disso senti-me muito mais aliviada, continuamos amigos, é o que interessa. Ele é uma pessoa muito especial, e espero que consiga realizar tudo aquilo que procura. Enquanto a mim, posso dizer que estou bem, vou continuar a minha vida, preciso de me encontrar, quero divertir-me e ser feliz. A vida há de se encarregar de fazer o resto. De momento estou muito bem assim, quero estar sozinha, e se no meu caminho encontrar alguem capaz de me fazer sentir realizada e feliz, seja bem-vindo.